XII CONSEJU INICIA COM REPRESENTAÇÕES DE DIVERSOS MOVIMENTOS SOCIAIS

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A Mesa de abertura do Congresso da Fenajud trouxe representantes de sete movimentos sociais. Cada palestrante apresentou sua visão sobre a Justiça brasileira

“Sistema de Justiça, Democracia e Direitos de Grupos Vulneráveis”. Este é o tema do XII Congresso Nacional da Federação dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Conseju) que acontece de 8 a 10 de dezembro em Fortaleza, Ceará. Inspirada na temática, a mesa de abertura do Conseju reuniu representantes de sete movimentos sociais na noite desta quarta (8/12).

Estiveram presentes: Áurea e Roberto Anacé (movimento indígena); Zuleide Queiroz (movimento negro); Alexandre Mapurunga (movimento de pessoas com deficiência); Lola Aronovich (movimento feminista); Ailton Lopes (movimento LGBTQIPA+) e Bael, Manoel Peixoto (movimento de agricultoras e agricultores familiares).

Compuseram ainda a mesa Arlete Rogoginski, Alexandre Lima Santos e Janivaldo Robeiro, da Coordenação Geral da Fenajud. Além de Roberto Fontenele, tesoureiro da federação e coordenador-geral do SindJustiça Ceará (Sindicato dos Servidores Poder Judiciário Ceará), anfitrião do evento.

Nessa palestra coletiva, as falas convergiam para pensar e lutar por transformações sociais, a partir da estrutura que sustenta o sistema capitalista e as desigualdades sociais, inerentes a ele. “Todos aqui representam lutas antissistêmicas. São lutas contra o capital.”, diz Ailton Lopes (movimento LGBTQIPA+). “Não queremos um mundo onde, por exemplo, alguns podem ter acesso à vacina e outros não. Uma África inteira sem acesso à vacina… Estamos vivendo um momento de guerra moral.”. Continua o ativista convocando todas e todos à luta.

Na mesma linha, Alexandre Mapurunga (movimento de pessoas com deficiência) critica a visão do capacitismo, que é opressora por dividir os indivíduos entre quem tem ou não tem capacidade. “O problema não está na pessoa, mas na forma como a sociedade está organizada.”, afirma. “Nós não podemos imaginar que as pessoas com deficiência estão deslocadas das outras lutas.”. Finaliza Mapurunga, reforçando a importância da união entre os diferentes movimentos sociais.

“É preciso ir mais além, ser mais audacioso, para realmente construirmos relações humanas e ambientais que superem as estruturas opressoras que são protegidas pela mercadoria, pelo estado e pela justiça. Nós da agricultura familiar estamos buscando relações novas na sociedade. Queremos fazer esse debate com vocês também, servidores da justiça.”. Conclama Manoel Peixoto, o Bael, do movimento de agricultoras e agricultores familiares.

Já a liderança indígena, Áurea Anacé, alertou para a unidade da luta. “A gente quando vai para a rua, a gente não vai atrás só do nosso direito não. Vamos atrás também dos direitos de vocês.”. Ela denuncia ainda as ameaças constantes que as tribos cearenses sofrem pela falta de demarcação de suas terras. “Se não existissem pessoas que invadissem nossas terras, a gente não saía do nosso território não.”, desabafa lembrando que até durante a pandemia as mulheres e homens indígenas precisaram sair de suas tabas, em protestos, para defender suas vidas. “Nós não tivemos isolamento social, como vocês tiveram.”.

DERRUBAR MITOS E RESISTIR

“O Ceará é o segundo estado onde mais morrem jovens negros. Mas, o Ceará não é exceção. Nosso estado está no contexto do Brasil que tem pessoas em situação de vulnerabilidade social. E essas pessoas não são nem invisíveis e nem minoria.”. Com uma fala provocativa, a professora Zuleide Queiroz (movimento negro), chama atenção para os preconceitos embutidos nas diferentes tramas sociais: “Vivemos o mito da democracia racial.”, afirma.

Na mesma direção, Cícero Sousa (movimento de catadores) destaca o esforço de sua categoria para resistir ao preconceito diário. “Estamos nesta resistência contra a degradação ambiental, contra a discriminação. Nós temos sede de justiça.”. Cícero revela, também, como foi e ainda vem sendo difícil enfrentar a pandemia por Covid-19. “Na pandemia, tivemos que nos reiventar, porque a gente não podia coletar.”, conclui.

Já Lola Aronovich (movimento feminista) destaca como a pandemia foi cruel com as mulheres. “Para as mulheres, a pandemia foi ainda pior. Vai demorar muito tempo para reverter isso. Muitas perderam postos de trabalho, a violência doméstica disparou e houve um aumento do adoecimento mental dessas mulheres.”. Conclui a feminista, lembrando que “o pior presidente do mundo é este do Brasil. Eles, ainda, estão apostando no negacionismo. O desserviço é enorme para o Brasil. Vivemos um momento terrível de nossa história.”

Enquanto isso, o cacique Roberto Anacé (movimento indígena) nos lembra a importância de cuidarmos uns dos outros. “Precisamos cuidar do amor para que todas as pessoas sejam atendidas por igual. Precisamos cuidar da justiça, da natureza e das pessoas.”. Diz o líder anacé, finalizando: “Quanto à conjuntura maléfica que deturpa o cuidado, precisamos também cuidar dela para transformá-la.”.

Entre aplausos às falas e gritos de Fora Bolsonaro, a plenária com cerca de 200 participantes acatou o chamado inicial de Arlete Rogoginski que convocou a categoria, perguntando: “Qual o nosso papel, como servidores, dentro deste sistema que é excludente? Vamos compactuar ou tentar mudar a realidade?”. O Congresso continua até sexta (10/12) quando as delegações aprovarão as teses que servirão como bandeiras de luta ao movimento da categoria.

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